Escrevo este texto no tempo que eu havia reservado para uma conversa sistêmica. Para quem ainda não conhece o projeto, as conversas sistêmicas são gratuitas.  A solicitante, no horário marcado, não compareceu nem deu qualquer tipo de satisfação. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Das solicitações realizadas pelo site, foram 22 cancelamentos e ausências, contra 38 conversas realizadas. Também houve 9 pedidos de suspensão antes de fazermos o agendamento.

Das ausências sem explicação não sei dizer o motivo. Algumas pessoas esqueceram, algumas tiveram imprevistos, outras cancelaram porque não se sentiram em condições de ter a conversa ou outras coisas que consideraram mais importantes apareceram. Até operação emergencial de apêndice aconteceu.

Entretanto, enganadas estão a pessoas que pensam que estou escrevendo aqui para reclamar. Nem de longe. Gostaria apenas de propor uma reflexão a respeito do tempo e da ajuda.

Quando combino a marcação do horário com um solicitante, deixo claro que, independentemente do motivo, se a conversa não puder acontecer no horário marcado, ela não poderá ser remarcada. Em primeiro lugar em consideração às pessoas que estão aguardando sua vez, e depois pelo fato de que o tempo que eu tinha a dedicar para essa pessoa era esse, e não há retorno para o tempo despendido.

Ao lado das “Ordens do Amor”, que regem os sistemas, Bert Hellinger também formulou as “Ordens da Ajuda”, estas para orientar aqueles que se dispõem a ajudar os outros.

Nas suas palavras: 

Ajudar é uma arte. Como toda arte, faz parte dela uma faculdade que pode ser aprendida e praticada. Também faz parte dela uma sensibilidade para compreender aquele que procura ajuda; portanto, a compreensão daquilo que lhe é adequado e, simultaneamente, daquilo que o ergue, acima de si mesmo, para algo mais abrangente.

A segunda ordem da ajuda estabelece que o ajudante deve se submeter às circunstâncias e somente interferir e apoiar à medida que elas o permitirem. Essa ajuda é discreta e tem força. O querer ajudar contra as circunstâncias enfraquece tanto o ajudante quanto aquele que espera ajuda ou a quem ela é oferecida ou, até mesmo, imposta.

Quando uma circunstância se apresenta de forma a impedir que a conversa aconteça, eu simplesmente comunico o cancelamento e a impossibilidade de remarcação, desejo boa sorte e tudo de bom para a pessoa. Está claro que ali não posso fazer nada por ela e me retiro com humildade e respeito.

Qualquer outra postura de minha parte enfraqueceria aos dois, ajudante e solicitante. A primeira ordem da ajuda consiste em dar apenas o que se tem e somente esperar e tomar o que se necessita. Nessas conversas canceladas, é muito possível que seriam casos em que eu não poderia dar, porque com isso tiraria da outra pessoa algo que só ela pode ou deve carregar e fazer. Portanto, segundo Bert Hellinger, existem limites no dar e tomar. Pertence à arte da ajuda percebê-los e se submeter a eles.

Já marcou sua conversa sistêmica?

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